Vou contar aqui um "causo", é história verídica, vivida e acontecida com um ente querido meu.
Ele tinha 7 anos de idade, e vivia feliz a brincar na fazenda onde morava.
Seus pais eram os administradores daquela enorme propriedade, que possuía muitos pés de café.
Só que alguma coisa aconteceu, que na época ele não entendeu. E mesmo sem entender, teve que sua vida mudar. As trouxinhas no lombo, e todos arriba no carro de boi.
Uma estrada de terra pela frente, com poeira, buraco, mosquito e carrapato.
Como era longe essa nova casa!
Uma breve parada no riacho, e foi lá que aconteceu o diacho! Um barulho," pum", seco como um tiro, ave maria foi um tiro! Pelas costas acertou em cheio.
O sangue escorria no peito, o olhar ficou morteiro, e com o filho no colo foi deixando essa vida.
Todos tiveram certeza que o tiro certeiro foi disparado por alguém que fora mandado. Foi na mira, um único tiro ceifou a vida da pobre senhora, não precisava disso, afinal já estava na estrada, indo para longe de sua perdição.
A criança de sete anos cresceu de lá pra cá e daqui pra lá, já que era o caçula e estava órfão.
Vinte anos se passaram e ele virou barbeiro.
um belo dia quem aparece para fazer barba e cabelo?
Ele, o capanga que matou sua mãe...
A navalha cortando-lhe os pêlos do rosto, com a sutileza de quem aguardara aquele momento por vinte anos...
Creme, tesoura, bigode, barba completa, feita com esmero e ódio ao mesmo tempo.
Ele tinha a chance de sua vida nas mãos, a chance de vingar a morte da própria mãe... seria tão fácil, a navalha era afiada... e ele espera por tantos anos ver a justiça ser feita, e a possibilidade disso acontecer naquele momento lhe deixava nervoso.
Enquanto raspava-lhe os pêlos, pensava no que poderia ter vivido com sua mãezinha, e que aquele desgraçado havia privado.
Ele sabia quem o desgraçado era, mas o infeliz não sabia que aquele barbeiro era o garoto de 7 anos que ele teve que desviar a mira, para que a bala acertasse somente a mulher.
Respirou fundo, engoliu seco, pensou na mulher grávida em casa... secou o rosto e recebeu seu pagamento, e o infeliz se foi.
Algum tempo depois soube que o tal havia se acabado na bebida e vivia como mendigo na cidade. O pobre faleceu sem lenço nem documento, só não foi enterrado como indigente, porque o órfão, agora já adulto lhe pagou o caixão, lhe deu enterro e até um vaso de flor.
A vida dá voltas, e a gente nunca sabe o que ou quem vai encontrar numa dessas voltas. Mas o importante é agir sempre com sabedoria.
O órfão dessa história é meu vovô Geraldo Pinto, que há dez anos desencarnou, deixando como exemplo suas boas obras, (essa foi somente uma!)
2 comentários:
Amore!!! Prestou bastante atenção na estória dominical da vovó hein!!! A relatou com maestria aqui!!!
Beijão Amore!!
ahahha...
eu já conhecia a estória amorzinho... sempre achei interessante!!!
beijos, obrigada pelo comentário!
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